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As desordens psiquiátricas e o sono –  amigas de longa data ?

A importância de uma abordagem global e multidisciplinar

Um distúrbio do sono que muitas vezes passa despercebido, mas que pode resultar em graves problemas é a insônia. Doenças psiquiátricas, como depressão, ansiedade, transtorno de humor bipolar, estresse pós-traumático, dependência de álcool ou drogas, podem ocasionar problemas do sono e ao mesmo tempo serem consequências dos mesmos.

De acordo com a médica psiquiatra e do sono, Dra. Laís Fardim Novaes, identificar e tratar todas essas desordens é fundamental para alcançar a cura do paciente e o sucesso terapêutico. Segundo ela, a ocorrência de doenças psiquiátricas aumenta na presença de desordens do sono e vice-versa. “A porcentagem de casos nos quais temos doenças psiquiátricas e do sono ocorrendo concomitantemente pode chegar a 50 a 80%” .

O problema é que em boa parte dos casos,  trata-se  apenas uma desordem, deixando de lado a outra. Formada pela Emescam em Vitória, Laís fez residência em psiquiatria e em medicina do sono na USP, em Ribeirão Preto. Recentemente ela retornou para Cachoeiro, onde atende em seu consultório no Ed. Pasteur e no Instituto de Neurologia, Neurofisiologia e Comportamento (INNC). Na bagagem, a médica traz o diferencial do conhecimento nas duas áreas, psiquiatria e sono. “É comum a ocorrência de desordens do sono e psiquiátricas ao mesmo tempo e apenas uma delas ser tratada. Permanecendo a outra aumenta-se a chance de recaídas e agravamento dos sintomas ”.

Laís citou o exemplo de um paciente que apresente quadro de depressão e insônia por exemplo, mas trata apenas a depressão. “A insônia muitas vezes não é mera consequência do quadro depressivo. Ela agrava o quadro depressivo dificultando o tratamento e pode persistir após a resolução do mesmo, o que aumenta a chance de novos quadros depressivos no futuro, inclusive mais graves que os anteriores. Pela falta de conhecimento aprofundado trata-se apenas uma das partes. A abordagem das duas áreas é mais vantajosa e obtém melhores resultados por ser completa, avaliando o paciente como um todo. Essas duas áreas têm uma interface grande e são de igual importância”, explica.

A especialista revela que ainda existe certa resistência e até mesmo preconceito por parte da população em procurar um psiquiatra. “As pessoas acham que o que estão sentindo vai simplesmente passar, que é normal. Algumas têm medo de receber um diagnóstico psiquiátrico, de serem medicadas, com isso as doenças não são detectadas, o quadro se torna crônico e cada vez mais difícil de tratar.”

De acordo com Laís, a doença psiquiátrica é uma doença como todas as outras da medicina, mas que interfere muito na qualidade de vida, no desempenho profissional e social. Segundo a médica, as pessoas devem procurar um especialista quando perceberem que seu estado emocional e comportamento estão diferentes do seu habitual, a ponto de interferirem em seu dia a dia. “Quando a pessoa passa a se perceber com emoções, pensamentos ou ações que fogem ao seu habitual e isso começa a trazer algum grau de prejuízo social, familiar ou profissional, é hora de buscar ajuda.”

Dra. LAIS FARDIM NOVAES

CRM ES 10.437

RQE 8970 - PSIQUIATRIA

RQE 9014 - MEDICINA DO SONO