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Atentando-nos claro para não “radicalizarmos” indicações e contra-indicações do zolpidem e das chamadas “drogas Z”, indico a vocês a matéria que teve participação de Dr. Alan Eckeli, meu professor e referência em minha formação médica, e representa uma excelente reflexão sobre o tema, e está no site tab.uol.com.br/edicao/vicio-em-zolpidem/

Aqui uma reflexão nossa:

Nos cantos silenciosos da noite, uma sombra se espalha pelo Brasil. Zolpidem, o hipnótico destinado a acalmar as tempestades da insônia, tornou-se uma epidemia. Os números não mentem: as vendas desse medicamento saltaram 66,8% entre 2018 e 2022, de acordo com a Anvisa1. Mas o que está por trás desse fenômeno?

1. A Busca Pela Noite Perfeita: O desejo de controle absoluto sobre o sono com o mínimo esforço é uma das raízes desse problema. As pessoas anseiam por uma noite tranquila, mas a facilidade de adquirir a receita e a popularização do zolpidem nas redes sociais abriram portas para seu uso recreativo.

Efeitos colaterais como alucinações e sonambulismo são celebrados online, transformando o medicamento em uma espécie de “droga da diversão”.

2. O Desafio do Desmame: Pacientes que usam zolpidem há décadas enfrentam o dilema do “desmame”. A retirada gradual do medicamento é um processo delicado, mas necessário muitas vezes.
Médicos relatam que o número de casos explodiu em seus consultórios. O uso exponencial durante a pandemia, quando distúrbios do sono se tornaram mais frequentes, contribuiu para essa escalada.

3. O Segundo Mais Vendido: O zolpidem já é o segundo remédio controlado mais vendido no Brasil entre ansiolíticos, calmantes e anticonvulsivos, ficando atrás apenas do Rivotril1.

O professor Alan Eckeli, da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, testemunha essa realidade: “Hoje, tenho pelo menos dois novos pacientes por semana. Retiro mais droga Z do que receito.”

4. Alerta: A busca por uma noite tranquila não deve nos levar a uma dependência silenciosa. É hora de repensar nossa relação com o sono e buscar alternativas mais seguras.