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O Transtorno Obsessivo Compulsivo é uma desordem relativamente comum e que é frequentemente associada a estresse significativo e prejuízos no funcionamento geral do paciente acometido. Estima-se que 2,5 % da pessoas terão TOC ao longo de suas vidas.

Devido ao estigma e falta da habilidade de reconhecimento do problema, indivíduos com o TOC com frequência podem esperar anos antes de receber o diagnóstico correto e ter o tratamento indicado.

 Anteriormente identificada pela Associação Americana de Psiquiatria como uma desordem da ansiedade, o TOC é agora um diagnóstico em separado com seu próprio capítulo “TOC e desordens relacionadas” no manual diagnóstico e estatístico de doenças mentais, 5ª edição. 

O TOC é caracterizado pela presença de obsessões e compulsões que são definidas da seguinte forma:

Obsessões: pensamentos recorrentes e persistentes ou imagens, que são vividos em algum momento durante o distúrbio como intrusivos e inapropriados e causam ansiedade e estresse importante. O indivíduo tenta suprimir ou ignorar tais pensamentos ou neutralizá-los com outro pensamento ou atitude.

Compulsões: comportamentos repetitivos (lavar mãos, organizar, checar) ou atos mentais (rezar, contar, repetir palavras em silêncio) feitos em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras próprias do pensamento do paciente. Esses comportamentos têm como objetivo reduzir ou evitar o estresse ou alguma situação temida. No entanto, esses comportamentos são claramente excessivos e não conseguem de forma realista prevenir o que quer que eles tenham como objetivo prevenir. 

Além da presença das obsessões ou compulsões, o indivíduo percebe que esses comportamentos são excessivos e irracionais. Tais comportamentos geram estresse significativo, consomem tempo e interferem na rotina normal, na vida acadêmica, no trabalho e na vida social da pessoa acometida. 

A avaliação do especialista também é importante para evitar confusão entre o TOC e um indivíduo cuja personalidade tem características obsessivas e compulsivas.

Muitos pacientes com TOC possuem outras desordens psiquiátricas, como Desordens do Humor e da Ansiedade, Transtorno Hipocondríaco, Desordens da Alimentação, descontrole de impulsos, Tricotilomania, Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Tics, pensamentos e comportamentos suicidas. 

O TOC é uma doença crônica na qual sem o tratamento os sintomas raramente desaparecerão, podendo variar entre períodos de maior ou menor intensidade ao longo da vida. 

O processo exato por trás do desenvolvimento do TOC ainda não foi estabelecido. Estudos sugerem que exista uma anormalidade no neurotransmissor cerebral serotonina. Algumas evidências também tem sugerido anormalidades na transmissão de dopamina, glutamato e ácido gama-aminobutírico (GABA). São observadas alterações a nível de fluxo cerebral e metabolismo em regiões cerebrais específicas e essas anormalidades foram normalizadas com o tratamento do TOC. O TOC apresenta uma influência genética importante (ter um parente acometido aumenta as chances de ter a doença), envolvendo os genes responsáveis pela produção dos neurotransmissores citados acima (serotonina, entre outros). 

O tratamento inclui o  uso de medicações específicas que atuam na serotonina, formas particulares de psicoterapia comportamental e cognitivo-comportamental, educação ao paciente e à família sobre o transtorno e intervenção psicológica sobre as famílias se necessário.

 

Dra. LAIS FARDIM NOVAES

CRM ES 10.437

RQE 8970 - PSIQUIATRIA

RQE 9014 - MEDICINA DO SONO