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O Transtorno do Pânico é caracterizado pela ocorrência espontânea e inesperada de ataques de pânico, sendo que a frequência dos quais pode variar de vários ataques por dia a poucos ataques por ano. 

Os ataques de pânico são definidos como um período de medo intenso de morrer ou de perder o controle nos quais alguns dos vários sintomas característicos do ataque se desenvolvem abruptamente com um pico rápido (menos de 10 minutos) do início dos sintomas. Os sintomas de um ataque incluem palpitações, suor, tremores, falta de ar, dor torácica, náuseas, tontura, entre outros. 

No Transtorno do Pânico esses ataques ocorrem sem um precipitante claro, e cabe lembrar que esses ataques podem ocorrer em outros Transtornos de Ansiedade que não o Transtorno de Pânico. Juntamente às crises o indivíduo passa a ter preocupações sobre ter outros ataques e sobre as consequências que esses podem lhe gerar, o que pode provocar mudanças nos hábitos e comportamentos do indivíduo acometido pelo transtorno (evita-se dirigir por exemplo, por medo de ter ataques de pânico). Outros sinais e sintomas do Transtorno de Pânico incluem dor de cabeça, mãos geladas, diarreia, insônia, fadiga, pensamentos intrusivos, ruminações. Ao longo da vida estima-se que 2 a 6 % dos adultos terão o diagnóstico de Transtorno de Pânico, e as mulheres são 2 a 3 vezes mais acometidas que os homens. 

A doença pode levar a sérias mudanças no estilo de vida do paciente e podem ocorrer problemas no trabalho, abandono de atividades, aumento do risco de doenças psiquiátricas como Depressão, Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), Fobia Social e Fobias Específicas, abuso de álcool e outras substâncias nocivas. Destaque deve ser dado à Depressão, que ocorre em cerca de 60% dos pacientes com Transtorno do Pânico e ao aumento do risco de suicídio. 

Existem doenças médicas que costumam ocorrer simultaneamente a um transtorno de pânico, como a doença pulmonar obstrutiva crônica, enxaqueca, síndrome das pernas inquietas, síndrome da bexiga irritável, asma e doenças cardiovasculares (hipertensão, AVC). 

Quanto à origem do transtorno, esse parece ser multifatorial, envolvendo fatores relacionados à genética, alterações químicas a nível cerebral e fatores ambientais. Diversas teorias são citadas como responsáveis pela doença: teorias envolvendo um desequilíbrio do sistema nervoso autonômico, alterações da produção, ação e sensibilidade de vários hormônios e neurotransmissores (Ácido Gama-aminobutírico (GABA), adenosina, cortisol, serotonina, noradrenalina, dopamina, interleucinas, lactato), teorias sobre uma possível hipersensibilidade do organismo ao dióxido de carbono (CO2) e a eventos naturais como o aceleramento da frequência cardíaca. Acredita-se que há um aumento de descargas cerebrais ativando um circuito cerebral – a “rede do medo”-  que envolve regiões como amígdala, hipotálamo e tronco cerebral. Fatores genéticos e hereditários parecem contribuir em 43 % dos casos de Transtorno de Pânico.

 

O tratamento corretamente realizado possui taxas de sucesso de 85 % e inclui uma avaliação personalizada dos sintomas, gatilhos e comportamentos de cada pessoa acometida e incluirão medicações específicas, psicoterapia na modalidade cognitivo-comportamental, a educação dos pacientes sobre o transtorno, suas causas e a tranquilização a respeito das crises de pânico que, apesar de desconfortáveis, não ameaçam a vida do paciente. Ressalta-se que a orientação à família em muito pode contribuir para auxiliar o paciente no manejo saudável de suas crises, sem que seja necessário ir a um pronto socorro ou hospital para tal. Com o tratamento o paciente poderá então voltar ao seu nível de bem estar e de funcionamento normal.

 

Dra. LAIS FARDIM NOVAES

CRM ES 10.437

RQE 8970 - PSIQUIATRIA

RQE 9014 - MEDICINA DO SONO